O problema é um dos maiores causadores de abandono dos felinos. Se você está sofrendo com isso, saiba o que fazer para ajudar o seu bichano.
“Você abandonaria seu filho porque ele faz xixi na cama? Não. Você usaria sua paciência e amor para ensinar o correto à criança. O mesmo deve ser feito com o gato.” (Daniela Xavier, voluntária da ONG Adote um Gatinho).
Estudos internacionais mostram que as principais justificativas para o abandono dos felinos são: problemas na interação com outros pets, agressão contra pessoas, comportamento destrutivo, mas o grande campeão é o xixi em lugar errado – o assunto é tão importante que virou tese de doutorado da médica veterinária e especialista em comportamento animal, Dra. Daniela Ramos (*).
“Essa é a queixa comportamental mais comum entre os proprietários de gatos, que infelizmente chega a ser inaceitável para muitas famílias. Em um levantamento feito em um abrigo dos EUA, 43% dos mais de mil proprietários que haviam entregado seus gatos, apontaram problemas de eliminação como uma das razões para o abandono”, aponta a especialista.
Realmente não é nada agradável abrir a porta de casa e encontrar tudo sujo, mas a situação não justifica o abandono. Antes de encarar o gato como vilão, anormal ou mal educado, tenha em mente que este animal pode estar sofrendo de estresse ou até mesmo de um problema urinário.
Um bichano que sente dor durante a micção, pode passar a evitar os locais onde sentiu o desconforto, como a caixa sanitária. Já a marcação do território com fezes ou urina é uma maneira dos gatos estressados se sentirem mais confiantes num ambiente perturbador (mudança de casa ou conflito com outro gato).
É importante procurar um médico veterinário para descartar qualquer problema fisiológico. Caso seja necessário ele indicará um especialista em comportamento animal. Confira as principais dicas que a Dra. Daniela separou para os felinos que teimam em fazer xixi fora do lugar:
Torne a caixa sanitária atrativa. Espalhe algumas delas por locais diferentes da casa. Opte por locais tranqüilos, evite colocá-las próximo a objetos barulhentos (ex: ao lado da maquina de lavar roupa) ou em locais escuros e de difícil acesso. Para casas com vários gatos, o número ideal de caixas é o número de gatos mais um. Se possível, para cada uma das caixas, utilize um substrato (o mais comum é areia higiênica própria para gatos, mas fuja das perfumadas, geralmente elas afastam os felinos) diferente para depósito de urina e fezes. Pode-se, inclusive, deixar uma das caixas vazia.
Limpe as caixas sanitárias religiosamente. Muitos gatos se recusam a utilizar locais sujos. Diariamente recolha a sujeira e sempre que possível (pelo menos uma vez por semana) faça sua lavagem total. Evite utilizar perfumes ou quaisquer outros produtos desodorizantes, principalmente aqueles à base de amônia ou similares, pois eles podem espantar o gato! Quanto às marcas de urina (ou fezes) espalhadas pela casa, procure limpá-las com produto que retire todo o odor (limpador biológico ou enzimático). Isso pode impedir que o gato retorne ao local para mais uma esguichada.
Evite broncas e recompense quando encontrá-lo eliminando adequadamente. Gatos são extremamente sensíveis a qualquer tipo de bronca. Portanto, caso você o pegue em pleno ato de eliminar em local errado, você poderá puni-lo lançando próximo a ele um objeto que faça barulho (um molho de chaves ou uma latinha com moedas). É fundamental que o gato não perceba que foi você quem lhe deu o susto! E sempre que você presenciar a cena correta (o gato utilizando a caixa sanitária) elogie o bichano e ofereça um petisco dos mais gostosos.
Elimine os fatores de estresse. Tente identificar possíveis elementos provocadores de estresse no seu gato (ex: conflito com outros gatos, excesso de punições e/ou mau relacionamento com alguma pessoa da casa, falecimento de um companheiro (humano ou gato), mudança de casa, mudança na rotina do dono, chegada de um novo morador a casa (humano ou gato, etc.). É fundamental que tais condições sejam relatadas ao veterinário comportamentalista, que irá recomendar medidas visando a adaptação do gato a cada uma delas.
Dicas da Dra. Daniela Ramos – Especialista em Comportamento Animal.
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