Gatos
Entrevista com Yolanda Lene. Parte 2
Amigatinhos e amigateiras,
Veja a segunda parte da entrevista com
Yolanda Lene, a protetora que cria mais de 30 gatinhos em casa.
Você faz parte de uma Associação de Proteção de Animais, o que mais lhe choca em relação à violência aos animais?
Yolanda - Além do sadismo de maltratar ou abandonar uma criatura mais fraca e que não pode se defender, também me chocam a ignorância, a indiferença e essa idéia pobre de superioridade humana. Nós nos utilizamos dos animais para alimentação (carne, leite, ovos, mel, etc), vestuário (seda, lã, etc) e os medicamentos que usamos e que muitas vezes salvam a nossa vida só estão a nossa disposição porque foram testados antes em animais. Até pra respirar precisamos que as árvores nos dêem oxigênio. E ainda nos julgamos superiores e independentes.As calamidades climáticas que vêm acontecendo no planeta só demonstram que esse pensamente ainda vai acabar com a nossa raça. É preciso relativizar a nossa superioridade e entender que formamos um todo, onde cada parte tem a sua importância. Quando compreendemos isso passamos a valorizar cada vida, animal ou humana, cada planta, cada pedra.
Mas, pelo número de animais abandonados e maltratados e pelo número de humanos indiferentes parece que essa compreensão ainda está muito distante.
As pessoas estão mais sensíveis para a importância da adoção?
Estamos lutando para isso. Quando falamos que temos animais disponíveis para adoção ou que vamos fazer uma feira de adoção, a primeira coisa que as pessoas perguntam é: Quais são as raças que vocês têm? Esse tipo de conceito, de que o animal de raça é superior ao sem raça definida ainda é muito forte. O preconceito com relação aos gatos a partir do que se ouve dizer sobre eles também dificulta nosso trabalho na hora de conseguir adoção para os felinos. Até a castração/esterelização ainda é cercada de mitos. Sabemos que para haver uma mudança de concepção desse tipo é preciso muito trabalho e o resultado, às vezes, só é visível a longuíssimo prazo. Mas, continuamos fazendo a nossa parte.
Qual foi o resgate que mais a sensibilizou?
Resgatei recentemente uma gatinha de mais ou menos um mês de idade que estava na calçada de uma igreja, sob uma chuva fina. Ela não tem o movimento das pernas. Está internada pois parece que há complicações nos órgãos internos por conta da deficiência. Estamos fazendo de tudo pra que ela sobreviva.Teve também o Brasinha, o gato que foi amarrado na linha do trem. Uma pessoa da APATA me chamou para vê-lo na clínica e foi amor à primeira vista.
Você tem gatos com alguma deficiência? Cuidar deles é muito trabalhoso ou o amor ultrapassa qualquer empecilho?
O Brasinha perdeu uma pata traseira e o rabo quando foi amarrado na linha do trem, mas hoje é totalmente ativo: corre, brinca, sobe escadas rapidamente. Tenho também uma gata que nasceu cega e vive bem e de forma independente. Minha mãe costuma brincar dizendo que aqui em casa “quem menos anda, voa”, porque os deficientes são tão ou mais ativos que os outros. Às vezes eles dão um pouco mais de trabalho, mas não tanto como as pessoas imaginam.
O que você acha que os seres humanos tem a aprender com os felinos?
Os gatos têm uma grande auto-estima, eles cuidam bem de si mesmos e se amam. Por essa razão, sabem amar bem. Por isso, sorte de quem conquistar o amor deles.
O que você diria para quem não gosta de gatos?
Quando alguém me diz que não gosta de gatos a primeira pergunta que eu faço é: Você já conviveu com um? E a resposta geralmente é não. Acho que as pessoas têm preconceito com gatos porque ouvem falar coisas do tipo: Gato é traiçoeiro, gato não ama as pessoas e até algo impensável em pleno século XXI como: gato preto dá azar. Portanto, eu diria: experimente quebrar seu preconceito e conviver com um gato. Você será irremediavelmente conquistado. Conheço várias pessoas que viveram essa experiência e hoje são apaixonadas por gatos.Veja agora a 1ª parte da entrevista com Yolanda Lene
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