Gatos
A HISTÓRIA DO GATO
Há milhões de anos atrás…
Alguns estudiosos apontam o "Miacis”, um animal parecido com uma doninha e que viveu há 40 ou 50 milhões de anos atrás, como o nosso parente mais próximo. Não conheço e nem sei se queria conhecer!Outros registos indicam que há cerca de 11 milhões de anos atrás, os nossos antepassados mais selvagens já davam saltos supersónicos na Ásia e que há 9 milhões de anos atrás já ronronavam algures nos Estados Unidos da América.Foi em tempos remotos, quando os níveis do mar subiram e desceram drasticamente, criando diferentes divisões territoriais, que nós, nómadas por natureza, começamos a palmilhar o mundo. Chegamos aos seus quatro cantos… bem, excepto à Antárctica. Íamos para o frio não!? Parece que não nos conhece… alguém falou em lareira?Há quem diga que já na Idade da Pedra percebemos que o nosso lugar era ao lado dos humanos, afinal de contas era com eles que estava a comida e onde havia comida, havia ratinhos!Antigo Chipre
Diz-se que a primeira prova da nossa possível domesticação surgiu há mais de 8 mil anos atrás quando foram encontradas, na ilha do Chipre, sepulturas com os restos mortais de gatos, ratos e humanos… sim todos juntos!
Na companhia dos faraós egípcios
A agricultura era uma das mais importantes atividades econômicas e de subsistência dos egípcios que, ao armazenar cereais enfrentaram um grande problema: os ratos que davam cabo de tudo num instante! Felizmente, um egípcio muito observador percebeu que os gatos eram excelentes caçadores (modéstia à parte!) e que eram os melhores seguranças a “contratar” para os armazéns reservados às colheitas anuais.A partir daí, éramos recebidos de braços abertos por todos, que faziam de tudo para nos manter perto das suas casas. Deixavam-nos comida, como pão embebido em leite ou cabeças de peixe, mas melhor do que isso, acarinhavam-nos. De facto, foram os egípcios a primeira comunidade a domesticar os gatos, recebendo-os dentro dos seus lares.Fomos colocados num pedestal tão alto que até foram criadas leis para nos proteger! Essa não sabia, pois não? Os imponentes faraós ditaram que era crime matar ou magoar um gato, mesmo que fosse por acidente. Por exemplo: se a casa do meu dono pegasse a arder, ele teria de me salvar primeiro e só depois a família! E se alguém matasse um felino, morria. Incrível…Se morrêssemos de causas naturais, toda a família rendia-se ao luto, que era sempre bastante sentido. Os nossos donos faziam questão de mostrar a sua tristeza com cânticos e pancadas no peito. Depois, éramos embrulhados num pano de linho e entregue ao padre, que (qual CSI!) verificava se a nossa morte tinha sido, de facto, natural.Verificada a causa da morte, o corpo era embalsamado, embrulhado de novo num pano de linho e enfeitado. Depois, ou era sepultado num cemitério especialmente concebido para gatos (os egípcios não brincavam em serviço!) ou colocado num túmulo em templos sagrados. Um desses templos encontrava-se em Bubastis (era um templo de Bastet, figura que vai conhecer mais adiante!), no entanto, foi em Beni-Hassan que uma escavação efetuada no início do século XIX desvendou mais de 300,000 gatos mumificados! Agora esta é a melhor parte: os egípcios também mumificavam ratos para que não nos faltasse alimento na próxima vida (até eles já sabiam que tínhamos sete!). Que queridos! Que paraíso!Mas não fica por aqui… tivemos direito à nossa própria deusa e tudo! Basteta, uma deusa maternal e intimamente associada à beleza, à elegância, à fertilidade e à felicidade, tinha corpo de mulher, mas cabeça de gato. Considerada uma grande protetora do homem, esta “deusa-gato” tornou-se numa das figuras mais glorificadas daquele tempo.Sabia que no antigo Egito a palavra para gato era "mau", muito similar àquilo que é hoje o nosso muito universal.Posso ainda acrescentar que nunca esquecemos o quanto gostamos de ser tratados como realeza… e temos os egípcios para agradecer!Os egípcios adoravam os seus gatos de tal maneira que até criaram outra lei que proibia a nossa exportação. Mas, como nós felinos somos muito curiosos (pronto, queríamos viajar e conhecer o mundo!), cerca de dois mil anos depois, a moda de nos infiltramos nos barcos do Rio Nilo depressa pegou e aí fomos nós! Para além de assegurarmos a captura de muitos roedores, fomos ainda fiéis companheiros de milhares de capitães e marinheiros nas suas longas viagens.
De malas aviadas
Os egípcios trataram do nosso plano de marketing, promovendo-nos como excelentes caçadores e camaradas leais, por isso, quando chegamos a novos países, a nossa fama já lá estava. Em Itália, na Grécia e em Inglaterra não fomos idolatrados, mas tínhamos muito valor para os nossos donos que depressa nos viam como um membro da família.No norte da Europa chegamos a ter outra deusa – Freya – que, quando retratada, estava sempre rodeada de gatos.No Japão, causamos uma excelente primeira impressão: os japoneses elegeram-nos como um animal misterioso, que traria muito sorte aos seus donos.E a partir daí, foi sempre a carimbar o passaporte, até chegarmos aos quatro continentes… e onde, em alguns países, fomos muito importantes durante o século XI, ao ajudar no combate contra os ratos que contribuíram para a propagação da peste negra.
Idade Média, Idade Negra (algures entre os séculos XIII e XV)
De deuses a diabos foi num instante e a nossa história vira uma página completamente diferente (e muito triste) no início da Idade Média quando o Papa Gregório IX anunciou publicamente o seu horror aos gatos, que definia como sendo “diabólicos”. Nessa altura, a Igreja Católica fez da exterminação dos gatos a sua grande missão e fico arrepiado só de pensar nos nossos conterrâneos, muitos retirados às suas famílias, torturados e mortos. Nessa altura, quem tivesse um gato e fosse descoberto, era rotulado de “bruxa” e igualmente morto. Juntos ou separados, as vítimas eram queimadas vivas, afogadas, enforcadas e, muitas vezes, os gatos eram enterrados vivos dentro das paredes das casas – dizia-se que traria sorte. A nós só nos trouxe azar!Até que, e face a uma população felina cada vez menor e uma comunidade de roedores a crescer de forma assustadora, alguém colocou (e muito inteligentemente!) um ponto final nesta barbárie. O facto de que a Europa estava a ser novamente avassalada por pragas e epidemias também ajudou.A partir do século XVII, e até à “Caça às Bruxas de Salém” em 1692 (altura em que fomos novamente perseguidos), os gatos voltaram aos bons velhos tempos: caçar ratos e receber mimos dos donos.
Rico século XIX
Reza a história que, durante a corrida ao ouro em 1849, as pessoas compravam os gatos que chegavam em navios mercantis por $50 cada um e, nessa altura, isso era uma verdadeira fortuna!Em 1871 realiza-se, em Londres, a primeira grande exposição de gatos, um evento de enorme sucesso que catapultou o interesse e o fascínio dos gatos um pouco por todo o continente europeu.A cidade de San Francisco viveu, em 1884, uma praga de ratos tão grande que as pessoas disponibilizaram-se a pagar $100 por gato, certos que os felinos os ajudariam na luta contra o excesso de roedores.
A vida felina nos séculos XX e XXI
Cerca de 5 mil anos depois dos egípcios nos terem idolatrado, colocando a nossa imagem em tudo quanto era sítio, desde vasos e anéis, até no interior dos túmulos, continuamos a gozar do grande calor humano. Afinal, as nossas fotos estão espalhadas um pouco por toda a parte: desde os telemóveis e computadores dos nossos donos, passando pelas canecas de café, tapetes de rato (que ironia!) e t-shirts estampadas!Estima-se que existam hoje, só nos Estados Unidos (aqueles americanos adoram-nos!) aproximadamente 65 milhões de gatos domésticos. Um número que ultrapassa em larga escala o número de cães domésticos (ganhamos, hee-hee!).Com cerca de 40 espécies diferentes, se vivermos na rua, a nossa expectativa de vida é de cerca de 3 anos, mas nas mãos de um dono cuidadoso, podemos viver até aos 16 anos. A gata mais velha do mundo chama-se “Kataleena Lady”, nasceu no dia 11 de Março de 1977 e vive em Melbourne, na Austrália (aproveito para lhe mandar um beijinho especial… saúde Kataleena!). No entanto, diz-se que o gato mais velho do mundo foi o texano "Creme Puff” que chegou a celebrar o seu 38º aniversário em Agosto de 2005. No pódio está ainda o inglês “Devon” que, nascido em 1903, faleceu um dia após ter completado 36 anos, em 1939. Também natural do estado americano do Texas, a medalha de bronze vai para “Granpa” que miou até ao seu 34º aniversário.
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